sexta-feira, 16 de maio de 2008

Secretaria da Justiça acompanha no Senado anistia do Almirante Negro

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Representando a SJDS, Sátira Machado e José Antônio da Silva, do Codene RS, em audiência pública no Senado

A representante da Coordenadoria Estadual das Políticas de Igualdade Racial (Copir), do Departamento de Direitos Humanos da Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social (SJDS), Sátira Machado, e o presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (Codene) – órgão vinculado à SJDS, José Antônio da Silva, representaram o Estado na audiência pública no Senado realizada no último dia 15. Na oportunidade, foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), a anistia “post mortem” do Almirante Negro.

Almirante Negro – História a ser resgatada

Almirante Negro é como ficou conhecido o marinheiro gaúcho João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata – luta pela dignidade humana na Marinha e no Brasil - episódio célebre ocorrido no Rio de Janeiro em dezembro de 1910.
Havia dúvidas de que marinheiros semi-alfabetizados conseguissem manobrar uma das mais potentes esquadras do mundo. João Cândido não apenas realizou a tarefa, como ainda fez de maneira perfeita, sob o ponto de vista da guerra naval. Daí ter recebido o título de "Almirante Negro".

Revolta da Chibata

Na madrugada de 23 de novembro de 1910, revoltados com a humilhação dos castigos físicos, a alimentação estragada e os trabalhos pesados, os marinheiros brasileiros começaram um movimento.

Na época, a Marinha de Guerra brasileira estava dentre as mais fortes do mundo. Enquanto isso, o tratamento dado aos marinheiros repetia as piores tradições, baseadas tanto no período da escravidão, quanto em função das diferentes esquadras – principalmente a inglesa - que faziam da chibata um hábito.

Em resposta ao castigo de 250 chibatadas imposto ao marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes, sob o comando de João Cândido, as tripulações dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo amotinaram-se, executando alguns oficiais.

Um ultimato assinado pelos marinheiros e dirigido ao presidente da República Hermes da Fonseca, foi um marco histórico na luta pela dignidade da classe. O manifesto assinalava que "...nós marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá, e até então não nos chegou, rompemos o véu negro que nos cobria aos olhos do enganado e patriótico povo. Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais... Reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo, e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo... educar os marinheiros que não têm competência para vestir a orgulhosa farda... Tem V.Excia, o prazo de 12 horas para mandar-nos a resposta satisfatória sob pena de ver a pátria aniquilada..."

Os revoltosos receberam o apoio da população do Rio de Janeiro, não dando condições de reação ao recém-empossado governo Hermes da Fonseca.

Em 25 de novembro o Congresso, em caráter de urgência, aprovou as reivindicações dos marinheiros, incluindo a anistia. Confiando nessa decisão, João Cândido decidiu dar fim à rebelião, recolhendo dos mastros as bandeiras vermelhas.

Os marinheiros tentaram uma reação, sofrendo forte repressão por parte do governo. O resultado foram dezenas de mortes e centenas de deportações, além da prisão de João Cândido Felisberto.

Após a rebelião, o Almirante Negro permaneceu encarcerado por 18 meses, numa prisão subterrânea. Políticos como Rui Barbosa, protestaram de forma veemente, inconformado com a situação.

Felisberto foi internado em hospicío e, novamente preso e solto, após alguns anos. Vítima de tuberculose, restabeleceu-se e sobreviveu como vendedor no mercado de peixes do Rio de Janeiro. Na miséria e sem patente, o negro almirante morreu em 1969, no Rio de Janeiro.

A importância de João Cândido na história do Brasil serviu também de inspiração aos compositores Aldir Blanc e João Bosco para a criação da música “Mestre-sala dos Mares”. A composição – chamada originalmente “Almirante Negro” – teve seu título alterado pela censura da época que o considerou ofensivo às Forças Armadas Brasileiras.

Brasil: a História revista

Vários historiadores, pensadores e inúmeros segmentos da sociedade brasileira sentem a necessidade de que a História do País seja revisitada e revisada, para que sejam corrigidas possíveis distorções e valorizados alguns personagens.

Segundo Sátira, "a história dos heróis negros brasileiros precisa ser recontada. A resistência aos maus tratos protagonizada pelo gaúcho João Cândido na Revolta da Chibata é simbolo de resgate da auto-estima dos afro-brasileiros, que deve ser visibilizada".

A importância de João Cândido na história do Brasil serviu também de inspiração aos compositores Aldir Blanc e João Bosco para a criação da música “Mestre-sala dos Mares”. A composição – chamada originalmente “Almirante Negro” – teve seu título alterado pela censura da época que o considerou ofensivo às Forças Armadas Brasileiras. Vários historiadores, pensadores e inúmeros segmentos da sociedade brasileira sentem a necessidade de que a História do País seja revisitada e revisada, para que sejam corrigidas possíveis distorções e valorizados alguns personagens. Segundo Sátira, "a história dos heróis negros brasileiros precisa ser recontada. A resistência aos maus tratos protagonizada pelo gaúcho João Cândido na Revolta da Chibata é simbolo de resgate da auto-estima dos afro-brasileiros, que deve ser visibilizada".

Texto: Elina Hornes
http://www.sjds.rs.gov.br/portal/index.php?menu=noticia_viz&cod_noticia=2175

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